sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"Apenas idiotas inventando crônicas..."



Eu não sei qual o meu problema, mas sei que algum eu tenho. Nunca tive sorte com amizade. Aliás, ao dizer isso estou sendo injusta, bem injusta. Eu tive sim sorte com amizades, sempre tive as melhores pessoas cruzando meu caminho. Mas todas sempre se vão. Eu concluí na vida que amizades são tão efêmeras, não importa a intensidade, quanto amores. E me deu uma certeza maior de que o "pra sempre" é um conto de fadas. Mas que vergonha, uma menina-mulher de 20 anos querendo acreditar em "pra sempre".

Mas sinto falta, todos, todos os dias, daquele amigo, que talvez foi a única pessoa que me fez acreditar que eu estaria velha (ou nem tanto), no leito de morte e ele estaria ali. Desde os 10 anos de idade ele estava ali. Em todos os cinemas aos quais eu não tinha companhia, ele estava. Em todos os shows, meus mais inesquecíveis shows, ele estava. Estava nos planos também de um futuro. E nossos planos sempre se encaixavam. Esteve por um tempo nas baladas, até o dia em que já não estava mais. Em nada. Em nada mesmo.

Sempre fui só, filha única. Sempre sofrendo daquele velho dano de "não ir pra um lugar que quero muito por não poder ir só".  E fui aprendendo a ir só. Mas sempre que surgia uma pessoa no meio do caminho, que te fazia acreditar que isso acabaria, essa pessoa uma hora desaparecia. E eu ficava desacostumada de ir só. E voltava a me acostumar. E vocês já sabem o resto.

Nos últimos tempos eu tive um baque dos maiores. Uma amiga, amiga, de verdade mesmo, que eu amava, que eu contava o meu dia, que eu contava os meus problemas, e pra quem eu estava ali, "ouvindo" ou lendo já que ela estava longe, e nossa amizade se dava mais pela internet (acredito muito nisso, sim, é muito verdadeiro), pra quem eu dizia "relaxa, vai dar certo" e dava, pra quem eu me colocava ali, pra quando sempre ela precisasse e de quem eu amei um dia ouvir a voz com sotaque dizendo "Lara, não chore" se foi. Escolheu ir, sumiu, não respondeu mais nenhuma mensagem, me excluiu das redes sociais, decidiu sumir. Sem nada ter acontecido. Sem nenhum motivo. Na verdade, algo aconteceu, não pode ter sido do nada. Mas não me disse nada, não faço ideia do que pode ter acontecido, só sei que ela não está mais lá. E eu sinto falta. E todas as noites antes de dormir eu lembro, e penso o quanto as pessoas se vão na minha vida.

Amigos da faculdade, tire a ilusão de que sempre estarão ali. Não estarão. Se os de infância se vão, esse outros são mais efêmeros ainda. Mas esses, eu tenho culpa. Tenho realmente culpa. Me afastei, acho que ando meio desinteressada mesmo, acho que não acreditar que vai durar me faz pensar "tanto faz". Mas não é assim. Eu sinto falta, muita falta, muita falta mesmo, das noites, de todas as sextas e sábados que me embriagava em shows e bares. Há muito tempo não danço uma ciranda e rodopio ao som de Novos Baianos. Eles sabem do que eu gosto, e eles gostam das mesmas coisas. E acreditam também. Há muito tempo não jogo conversa fora numa mesa tomando uma cerveja, há muito tempo não compartilho com eles as mesmas palavras de ordem e a esperança de que nossa luta triunfará. Mas também todos têm suas ocupações, e com o passar dos semestres isso se estreira, e dificulta. E há muito tempo não sinto a união. E a culpa é toda minha, de mais ninguém. Eu me afastei, mesmo sentindo falta. Mesmo querendo estar. É aquela hora que a gente faz a grande burrice de ignorar nossos quereres.

São vinte anos me acostumando com isso, com a solidão. São vinte anos me fazendo perceber que posso ser feliz com pessoas que vêm e vão. São vinte anos fracassando nisso. Amigos e amores (que pra mim muito se confundem) vêm e vão. Mas me contradigo e ainda tenho pessoas que acredito que estarão lá, no futuro. Acredito nisso. E os momentos são eternos.

P.S O título do post é um trecho da música Sobre Meninos Elétricos e Mães Solteiras, do Selvagens a Procura de Lei.

*é apenas um desabafo de um dia chuvoso
*não divulguei esse post, se você caiu aqui de paraquedas você terá 7 anos de azar
*brincadeira, não me odeiem
*é bom desabafar pra um alguém incerto (que podem ser muitos ou nenhum)

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